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Mário Sérgio Cortella fala sobre desafios da magistratura na pós-pandemia

Publicado por Pau e Prosa Comunicação em 20/09/2022 às 16:17

Mário Sérgio Cortella fala sobre desafios da magistratura na pós-pandemia

Mário Sérgio Cortella fala sobre desafios da magistratura na pós-pandemia

Tempos difíceis, como estes pós pandêmicos, e as mudanças que vêm ocorrendo em todo mundo, como as tecnológicas e sociais, demandam posturas e visões sintonizadas com as novas realidades. Mas que não prescindam as conquistas e os avanços já experimentados, aprendendo com eles. “Esses cenários fazem com que a gente tenha que reinventar nosso modo de fazer, de criar, de refletir, de agir e, portanto, precisamos de generosidade mental, coerência ética e humildade intelectual para melhorar aquilo que se faz. Porque se a gente não se abre às mudanças, a gente fica ultra passado”, alertou o filósofo, educador e um dos palestrantes mais requisitados da atualidade, Mário Sérgio Cortella.

Ele falou nesta segunda-feira (19 de setembro) aos magistrados e convidados sob o tema “Cenários Turbulentos, Mudanças Velozes” em palestra realizada pela Associação Mato-grossense de Magistrados (AMAM) e Escola da Magistratura Mato-grossense (EMAM), no Teatro do Cerrado “Zulmira Canavarros”. Cortella aproveitou para enaltecer a iniciativa que, segundo ele, terá reflexos positivos para a comunidade. “Toda associação, todo grupo que eleva a capacidade de formação, de partilha, de competência, presta um serviço também à sociedade e não apenas à categoria na qual está inserido e do que tem ali a sua representação”, disse.

Citando o poeta cuiabano Manoel de Barros e sua célebre frase “tenho o privilégio de não saber quase tudo”, Cortella salientou a importância de estar aberto a saber aquilo que ainda não sabemos. “E só sei que é possível fazê-lo porque sei que não sei todas as coisas e preciso ter disponibilidade para saber. Num tempo de cenários turbulentos e mudanças velozes, uma das coisas mais decisivas para que a gente não se prostre face às dificuldades, face à dúvida que tem no nosso cotidiano, é exatamente a percepção daquilo que nós não sabemos”, frisou.

Extremamente hábil com as palavras, o palestrante tratou de desfazer equívocos que muitas vezes cometemos ao utilizar certas expressões. Em relação à Justiça, por exemplo, quando se fala em celeridade, ele ressaltou a importância de não confundirmos pressa com velocidade. “Fazer apressadamente é sinal de incompetência. Fazer velozmente é sinal de competência. Uma pessoa apressada, de maneira geral não presta atenção, não tem tempo de preparo para aquilo. Eu desejo sim uma justiça veloz, mas eu não a quero apressada. Para isso é necessário que haja uma preparação também da paciência que não se expresse de modo algum em lerdeza”.

Segundo ele, paciência, persistência e resistência são habilidades requeridas da magistratura. “A atividade da magistratura exige uma dedicação, exige uma intensa força de atualização do cotidiano, uma energia desdobrada para se fazer o que se faz. O número de alterações no cotidiano de uma sociedade, portanto de demandas, é imenso”, anotou. E o grande privilégio está na possibilidade da renovação, da reinvenção, da recriação. “Não confunda idoso com velho. Nós temos de ter, por exemplo, uma justiça que fique idosa, que tenha suas raízes, mas que não envelheça na prática, na percepção. E temos de ter uma sociedade que valorize essa condição”.

Reconhecendo que a magistratura, foco da reflexão, é uma atividade complexa, “cheia de agonias e alegrias”, Cortella disse admirar “pessoas que se dedicam a buscar impedir que conflitos degenerem em confrontos. Fazer com que a sociedade tenha sua divergência, sua diferença, seu litígio, sem que isso desagregue”. E que, num mundo de cenários turbulentos e mudanças velozes, é preciso reafirmar os compromissos, lembrar que a vida deveria ser melhor e será – parafraseando Gonzaguinha -, “mas para que ela seja, nós temos que ter mais capacidade de integração, de associação”. E que façamos por merecer, façamos o nosso melhor, do melhor jeito, para que no fim possamos dizer: “valeu!”, finalizou.

Palavras necessárias

Para o desembargador Marcos Machado, do TJMT, a palestra foi uma excelente iniciativa da AMAM e uma das principais ações da EMAM, “para que nós nos voltemos ao conhecimento das relações humanas”. “E para a magistratura isso vem como algo de despertamento ou de chamado, porque nós precisamos nos unir. Hoje há um esfacelamento praticamente direcionado, que vem enfraquecendo e fragilizando a atuação dos juízes e nada melhor do que o professor Mário Sérgio Cortella para retomar, para resgatar, para direcionar, para nos dar um alento, nos dar uma motivação na nossa função, na nossa atuação de prestar jurisdição à sociedade”.

Para o presidente da AMAM, juiz Tiago Abreu, ter o professor Cortella, uma referência nacional falando sobre um tema tão importante, “engrandece ainda mais a carreira da magistratura”. Ele lembrou que a pandemia mudou muito do contexto social atual e a fala do palestrante tratou exatamente de falar sobre o que essas mudanças estão exigindo de todos nós. “São temas que esclarecem, orientam, vão dar norte, vão dar direção para esses novos desafios, para essa nova sociedade que está se construindo nesse mundo pós pandemia”.

O diretor geral da EMAM, juiz Gerardo Humberto Alves da Silva Junior, considerou o evento um marco temporal depois de dois anos de pandemia, isolamento e de falta de contato social. “Acredito que não havia outro nome que não do professor doutor Cortella para marcar essa retomada presencial. Alguém que fala muito sobre resiliência, sobre esperança, sobre como passar pelos percalços da vida. Para que se diga ‘olha, voltamos, e a vida continua’ em que pese todos os seus problemas. Nós temos que dar seguimento à nossa vida”, analisou.

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